markbossuet's reviews
231 reviews

A construção de mim mesma: Uma história de transição de gênero by Letícia Lanz

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5.0

"É inevitável a sensação de ser uma farsa quando você, desde cedo, é impedida de ser a pessoa que é"

Livro forte e tocante. Muito importante abrir o pensamento para a diversidade humana e, com essa abertura de pensamento, é imprescindível ouvir as pessoas. Acredito que esse livro seja uma abertura de pensamento para muitas pessoas e uma fonte de conforto para muitas outras. O assunto transexualidade é tratado de forma consciente e única, passando a vivencia e sentimento de uma tormenta ao longo dos anos. Grande carinho e apego são os sentimentos que carrego comigo após a leitura.
Romance Real by Clara Alves

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4.0

3,75 - Livro distribuido pela editora pela plataforma Netgallery.

Escrito de forma jovem, divertida e fluida, Romance Real é o novo livro de Clara Alves. Durante a leitura nos deparamos com diversos assuntos importantes como perdão, amor (e todas as suas complicações), luto e uma pitada de como os tabloides sugam a vida das pessoas em troca de “contar a verdade”.

Clara nos coloca na pele de uma personagem com diversas inseguranças e grandes problemas de confiança e nos conduz diretamente para o olho do furacão de emoções de Dayana e nos mostrar como ela vai ter que enfrentá-los durante sua estadia em Londres, onde agora, depois da morte da sua mãe, Dayana se viu presa em uma casa com uma madrasta que cheira a falsidade, uma “meio irmã” que teve o pai que ela nunca teve e por falar em pai, ele também não é uma imagem reconfortante no passado de Dayana.

É um livro jovem com assuntos importantes. Não são assuntos nunca retratados ou retratados de uma forma totalmente nova, não, ele é o feijão com arroz do YA. Um feijão com arroz bem feito, mas ainda sim, um feijão com arroz.

A sorte que temos de ser brasileiros é que nossos autores contemporâneos fazem uma representatividade nua e crua. Você consegue se ver nos personagens, acreditar nas suas dores e como eles se vêem nesse mundo, porém, como tudo no mundo tem seu contra as editoras continuam se esforçando para esconder essa parte da história literatura. O que temos em mãos no momento são pequenos vestígios de boa representatividade e temos que nos agarrar neles. Dificilmente teremos a opção de ver igual no nosso mercado nacional.

Tóquio proibida: uma viagem perigosa pelo submundo japonês by Jake Adelstein

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2.0

Sentimentos mistos com esse livro. Eu adorei a história e fui interessado na leitura pela série da HBO Max e infelizmente tomei um banho de água fria ao ler. É uma abordagem bem diferente, o que não significa que seja ruim, ela não é, porém, também fica longe de ser cativante de continuar.
Não é um livro curto e com uma narrativa muito inconsistente de ganchos cativantes fica complicado manter as esperanças durante a leitura e me peguei diversas vezes forçando a ler juntando forças da minha curiosidade com a história para ler mais um capítulo.
Jake Adelstein pode ser um ótimo jornalista, porém está longe de ser um ótimo contador de histórias. Parece desconexo uma pessoa fazer de um jornalismo notável e ao mesmo tempo ter uma narração tão abaixo do esperado. Ao adentrar na cultura japonesa, cultura essa que não é explorada de forma satisfatória, sentimos um baque grande cultural, afinal é uma cultura jornalística, por exemplo, totalmente diferente da nossa. Essas são as melhores partes da leitura, o adentrar em uma cultura diferente da nossa e absorver sua diferença e entender seus motivos. O resto é apenas um devagar de um jornalista.
Abandonar um Gato:o que falo quando falo do meu pai by Haruki Murakami

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5.0

Venho pensando muito sobre essa leitura desde quando a comecei. É uma leitura para poucos e mesmo assim necessária a muitos. Haruki Murakami se propõe a escrever suas memórias sobre seu pai em um ato quase desesperado de encontrar respostas e conforto em suas memórias, o que, ao finalizar esse curto texto, não foi concluído. O autor nos entrega em poucas palavras uma grandiosa lição sobre tempo, espaço, memória e sobre perdão. Não existe nada como uma boa reflexão para soterrar algumas dúvidas e criar muitas outras, não é mesmo?

“A história é isso: uma única realidade, inflexível, que prevaleceu entre incontáveis possibilidades. A história não está no passado. Ela existe no interior da nossa consciência, ou do nosso inconsciente, corre como sangue vivo e, querendo ou não, é transmitida para as próximas gerações”

Murakami nasceu em janeiro de 1949, uma época muito diferente da nossa e uma cultura muito diferente da minha. Seu pai, ainda muito mais divergente em cultura, se viu em diversas encruzilhadas do destino, e por sua infelicidade, as decisões não foram tomadas por ele, pelo menos não todas. E é sobre isso o livro, sobre princípio, sobre meio, sobre fim e como todas essas etapas estão conectadas por uma única coisa, a decisão. São pequenos detalhes, são pequenos fragmentos, um completo multiverso da loucura e são esses os mais belos fragmentos, os pingos de uma grande chuva.

Avassaladora e grandiosa. Uma leitura simples assim.

“Passamos a vida olhando fatos que são fruto de mera casualidade como se fossem a única realidade possível. Em outras palavras, cada um de nós não passa de uma entre incontáveis gotas de chuva que caem sobre a vastidão da terra. Gotas únicas, é verdade, mas perfeitamente substituíveis. Ainda assim, cada uma dessas gotas de chuva tem as suas próprias ideias. Cada uma tem sua história e também a obrigação de levar adiante essa história. Não podemos nos esquecer disso. Mesmo que cada gota logo seja absorvida, perca o contorno individual e desapareça como parte de um coletivo maior. Ou melhor: justamente porque vai desaparecer como parte de um coletivo maior.”
Tóquio proibida by Jake Adelstein

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2.0

Sentimentos mistos com esse livro. Eu adorei a história e fui interessado na leitura pela série da HBO Max e infelizmente tomei um banho de água fria ao ler. É uma abordagem bem diferente, o que não significa que seja ruim, ela não é, porém, também fica longe de ser cativante de continuar.
Não é um livro curto e com uma narrativa muito inconsistente de ganchos cativantes fica complicado manter as esperanças durante a leitura e me peguei diversas vezes forçando a ler juntando forças da minha curiosidade com a história para ler mais um capítulo.
Jake Adelstein pode ser um ótimo jornalista, porém está longe de ser um ótimo contador de histórias. Parece desconexo uma pessoa fazer de um jornalismo notável e ao mesmo tempo ter uma narração tão abaixo do esperado. Ao adentrar na cultura japonesa, cultura essa que não é explorada de forma satisfatória, sentimos um baque grande cultural, afinal é uma cultura jornalística, por exemplo, totalmente diferente da nossa. Essas são as melhores partes da leitura, o adentrar em uma cultura diferente da nossa e absorver sua diferença e entender seus motivos. O resto é apenas um devagar de um jornalista.
Uma Dor Perfeita by Ricardo Lísias

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3.0

Uma narrativa forte sobre um momento terrível para o mundo. O sentimento de pânico, insegurança e incerteza do futuro está presente nessa leitura. Apesar da narrativa não ser das mais agradáveis de se acompanhar, o que é narrado flui em seu tempo e nos entrega o que promete, um relato. Existem pensamentos e reflexões que fazem desse livro não ser um relato 1x1 do ocorrido, dando abertura ao autor expor suas opiniões e o pós sentimento durante a narração de um fato, seja de forma metafórica ou de forma direta.

Recomendo a leitura para quem busca ter um conhecimento sobre o relato de uma doença terrível e das suas infinitas consequências na vida de uma pessoa do momento zero as reflexões finais. Porém volto a afirmar que a narrativa não é das mais agradáveis para se acompanhar.
Gótico nordestino by Cristhiano Aguiar

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5.0

Já nasceu clássico. Uma coletânea de contos que são incrivelmente bem escritos e possuem uma ambientação única e marcante. A cada conto Cristhiano Aguiar nos apresenta uma temática ligeiramente e nos conduz a um final marcante.. Poderia citar os contos que adoraria mais ler sobre o universo e/ou sobre as consequências seguintes ao seu final.

Esperava um horror mais presente, porém, o apresentado é marcante o suficiente para conduzir uma leitura rápida, elegante e satisfatória.
Faroestes by Paulo Roberto Pires, Marçal Aquino

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4.0

Uma leitura brusca, séria e inimiga do freio, afinal, é impossível parar de ler. Me surpreendi com o conteúdo do livro, esperava algo mais imaginário e encontrei, por fim, um retrato nu e cru do Brasil. O autor nos apresentou o Brasil no seu estado “natural” ou pelo menos o que se entende por natural. Uma representação sincera do submundo brasileiro e todas as sujeitas que podemos encontrar quando adentramos nos mais e mais fundo.

A escrita é satisfatória e nos leva durante a narrativa de forma confortável e fluida, apesar da dificuldade de se retratar tais temas de forma a não romantizar crueldades. Existem problemas, não direi que não existem, alguns exemplos poderiam ter sido feitos de outras formas a fim de evitar estereótipos racistas que avassalam tanto o nosso país e só reforçam e incentivam a desigualdade no nosso país. Somos um país continental com uma diversidade absurda, não precisamos utilizar do mesmo exemplo sempre.